quinta-feira, 12 de novembro de 2009


Jussilene Santana

“É UM RISCO FECHAR JOANA D’ARC EM UMA ÚNICA LEITURA”

A Atriz e jornalista baiana Jussilene Santana é a protagonista do espetáculo Joana D’Arc, que estréia no dia 26, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves. Intérprete talentosa, ela vem marcando a cena teatral com elogiadas atuações. Entre outras peças, Jussilene atuou em Senhorita Júlia e A Mulher sem Pecado (Ewad Hackler), Budro (Tom Carneiro), quando recebeu o Prêmio Braskem de Teatro em 2004 na categoria de melhor atriz, e Shopping and Fucking (Fernando Guerreiro). Dirigida por Elisa Mendes, Jussilene atuou em As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant.

Como foi o trabalho de construção do personagem Joana D’Arc para este espetáculo?
Veja bem, antes de tudo quero dizer que é um grande desafio, para qualquer atriz, representar Joana D’Arc. Fizemos uma pesquisa de corpo, de voz, além de documentos históricos. Lemos muitos livros e peças. É uma personagem complexa. É um risco de fechar Joana em uma única leitura. Entendo que é mais bacana contemplar todas as potencialidades que esta personagem oferece.

Como assim?
Joana não pode ser vista como uma fanática religiosa, como uma líder política, como uma louca. Tem uma relação, sim, com a transcendência. É uma mulher que, entre outras possibilidades, vai à luta por um objetivo. Que vê a necessidade de mudanças.

E quais foram as suas maiores dificuldades no processo?
A questão financeira. Este é um projeto caro, que requer bons profissionais. Os processos, de uma maneira geral, estão cada vez mais enxutos, com poucos atores. Mas esta é um tipo de peça que necessita de uma grande equipe. Não foi concebido para ser um solo, embora eu e Elisa até pensamos nisto em um certo momento, na possibilidade de eu fazer um monólogo.

E em relação à personagem?
Joana D’Arc é uma máquina, com muitos parafusos, muitas engrenagens. E esta engrenagem precisa estar com os parafusos muito bem ajeitados.
É um personagem de alta complexidade, de muitas sutilezas. “Nós precisamos mudar juntos”, é a mensagem que traz. Vivemos em um mundo violento, insensível. Agente perdeu a sensibilidade em relação ao outro. E Joana D’Arc é um retorno ao humano.

Que questões você acha que o texto traz para a contemporaneidade?
Joana vai ser sempre um chamado para se perguntar: Quem somos nós? Quem está lutando com agente? Não é um chamado para a individualidade. É um chamado para a luta de causas coletivas. E é claro que quando se luta em grupo, acontece perdas. As perdas fazem parte para que uma conquista seja possível.

Como está sendo o convívio com o elenco?
Os atores entraram profissionalmente de cabeça neste projeto como verdadeiros soldados. É uma equipe dos sonhos.

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